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Dia 6 de Outubro, das 15H00 às 19H00.

Viagem por Timor Leste, por Daniel Tércio

Partindo de uma experiência pessoal - dois meses a trabalhar em Timor Loro Sae, entre Junho, Julho e os primeiros dias de Agosto do ano 2000 - esta comunicação constitui um relato daquilo que poderia ser considerado como matéria bruta de ficção. Não existe pois nenhuma tese teórica a defender, mas antes uma impressão global a transmitir em torno da ideia de que Timor leste é um dorso de um animal anfíbio adormecido algures entre a Oceânia e a Ásia. Assim, sobre os percursos vividos pelo autor em e entre povoações - Díli, Baucau, Liquiçá, Maliane, Aileu, Maubisse, Same, Betano - invocar-se-á uma jornada de descoberta… A lua, as constelações do hemisfério sul, o mar e os corais, as montanhas, as árvores, os campos de arroz, os sorrisos límpidos das crianças, as linhas de água, os abismos, as queimadas, o sofrimento. Finalmente a nostalgia do regresso.

A viagem à Ilha do Amor: um texto esquecido do Cavaleiro de Oliveira, por Vanda Anastácio

A comunicação que nos propomos apresentar pretende reflectir sobre as implicações da viagem alegórica e os parâmetros por que se rege. Com efeito, os relatos de viagens a lugares fictícios abundam durante o século XVIII europeu. De fundo muitas vezes moral, estas narrativas servem frequentemente como ponto de partida para uma reflexão crítica sobre a realidade social contemporãnea. Partiremos de um texto muito pouco estudado do Cavaleiro de Oliveira, que foi também, como se sabe, um aventureiro e um viajante na vida real. Chama-se Viagem à ilha do Amor e conta como um viajante, atraído pelas belezas e pelas doçuras que avista na ilha do Amor da amurada do barco em que seguia, abandona tudo para a ir visitar. É partindo da discrição da vivência descrita que nos propomos conduzir o nosso trabalho.

A viagem à Lua de Ariosto: da ciência à ficção, por Rita Marnoto

Uma das primeiras viagens espaciais das Literaturas Modernas é a descrita nos capítulos 34-35 do Orlando furioso, o longo poema de Ludovico Ariosto (Reggio Emilia, 1474 - Ferrara, 1533) que remonta às primeiras décadas do século XVI. A viagem de Astolfo desempenha um papel importantíssimo, pelo que diz respeito à evolução da narrativa, pois é na Lua que vai encontrar o juízo de Orlando. Este herói enlouquecera de amor pela bela Angelica, ficando por isso impossibilitado de auxiliar as tropas cristãs num momento em que se travavam recontros decisivos na guerra contra os sarracenos. A viagem de Astolfo situa-se numa linha de continuidade com a literatura de cavalaria medieval e com a tradição clássica. Mas, da mesma feita, nela se incluem informações e pontos de vista que posteriormente virão a ser matéria do discurso científico.

As viagens espaciais: a realidade entre o sonho e a descrença, por Alfredo Keppler

O tema das Viagens Espaciais é sem dúvida um dos mais caros à Ficção Científica, estando presente ou sendo até mesmo o foco de praticamente tudo o que se produz de literatura e cinema nesta área. Desta forma, a FC reflete um dos mais antigos sonhos da Humanidade, que sempre imaginou encontrar respostas às suas indagações além dos mares e das montanhas no horizonte. Desde o Século das Navegações, todos os oceanos e cordilheiras foram transpostos e os horizontes da Terra encolheram, porém o Sonho permanece, só que agora frente ao Espaço, o verdadeiro mar sem fim. 
Continuará sendo eternamente um sonho, como pensam os Descrentes? Ou será que conseguiremos um dia transpor os abismos e viajar até as estrelas? O objetivo deste trabalho é de mostrar um apanhado dos conhecimentos actuais de astronomia e engenharia, de modo a balizar a Realidade das viagens espaciais, tal como a conhecemos hoje, nos limites entre o Sonho e a Descrença.

As viagens míticas em Earthsea, por Maria do Rosário Monteiro

Ao longo dos quatro volumes que constituem Earthsea, as personagens principais realizam várias viagens que vão desde as que se integram num percurso individual do herói até às viagens colectivas, aquelas em que as personagens desempenham a função de heróis míticos que se confrontam com poderes sobrenaturais e de cuja demanda depende a salvação e evolução do mundo. Na minha comunicação pretendo analisar estes dois tipos de viagens, uma mais próxima do sonho, a outra integrando elementos míticos e místicos, ambas desempenhando um papel importante ao nível do imaginário do leitor. Relativamente a outras obras fantásticas ocidentais, esta obra de Le Guin tem ainda a particularidade de combinar elementos simbólicos nórdicos e celtas com elementos orientais, criando uma cosmovisão particularmente rica e pouco explorada por outros autores de literatura fantástica.

Descobrimentos alternativos - a Realidade, a Ficção, os cenários implausíveis e a resposta Luso-Brasileira, por Gerson Lodi-Ribeiro

A Realidade - Os Primeiros Americanos. As diferentes teorias sobre a opupação do continente americano. A Via do Estreito de Bering; a Via da Costa do Pacífico; a Via da Australásia e a Via do Atlântico. América descoberta pelos Vikings em 1000 A.D. América descoberta pelos castelhanos e portugueses. A Ficção - Descobertas Alternativas. América descoberta pelos Vikings - L. Sprague de Camp: The Wheels of If. Harry Turtledove, "The Pugnacious Peacemaker". Presença Viking na América como mera ficção: "Vinland, the Dream" de Kim Stanley Robinson. América descoberta pelos Chineses - Dinastia Song em "Ink From the New Moon", de A.A. Attanasio. Dinastia Ming em "The Round-Eyed Barbarians" de L. Sprague de Camp, inspirado nas viagens do almirante-eunuco Zheng He que realmente ocorreram entre 1405 e 1433. América descoberta pelos Mongóis - "The Sleeping Serpent" de Pamela Sargent. Cenários Implausíveis. Resposta Luso-Brasileira - "Xochiquetzal e a Esquadra da Vingança" de Carla Cristina Pereira. Naufrágio de Bartolomeu Dias. Dom João II dá ouvidos a Colombo e a América é descoberta sob bandeira portuguesa. Avassalamento dos Impérios Asteca e Inca. Chegada a Calicute através do Pacífico. Suplício de Fernão de Magalhães sob as ordens do Samorim. Vasco da Gama e sua princesa asteca chegam a Calicute com a Esquadra da Vingança...

O Dis-cursos do Fantástico em A Varanda do Frangipani e em Malangatana, por Manuela Araújo

O presente texto pretende observar como o Dis-cursos do Fantástico em A Varanda do Frangipani, de Mia Couto, e na expressão plástica do pintor Malangatana se pode constituir espelho de outros viveres e alocução de outras vozes, aos quais as narrativas do colonialismo foram indiferentes. O Fantástico presente no realismo mágico da narrativa hispano-americana contemporânea, assim como nas narrativas de Mia Couto e de Ungulani Ba Ka Khosa, é um instrumento retórico inversor, que põe em causa a lógica racionalista do pensamento europeu, contribuindo para a ruptura com a tradição canónica colonial, ao priveligiar os modelos da tradição oral, radicados numa cosmovisão diferente da dos olhares eurocêntricos dominantes. No universo plástico de Malangatana, a hipérbole rompe igualmente os contornos figurativos da normalidade, de-formação que é, conjuntamente, trangressão e criação de outras formas, des-figurações humanas em contínua e ardente tensão: rostos que se repetem até não caberem mais, olhos que espreitam de todas e para todas as direcções, uma multidão estranha que persegue, inquire e incomoda - efeito transfigurador que opera uma disrupção no real de quem vê.

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