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eventos 2.02 (15/01/00)
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                        E V E N T O S

             Boletim informativo da SIMETRIA FC&F
 - Associação Portuguesa de Ficção Científica e Fantástico -

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Nº 2.02              edição do milénio             15 Jan. 2000
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Coordenação: Luís Filipe Silva
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CONTEUDO:

      EDITORIAL
(notícias do mundo real)

      ARTIGO: Ficção Especulativa na Europa e América:
      O passado e o futuro,
      por Brian Stableford (parte I)
(primeira parte da comunicação que o autor britânico
         apresentou nos Encontros de FC de 1997)

      FCnet: Galaxy Online
(o lançamento de uma nova forma de conhecer a FC - ao
         vivo na internet)

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NOTA: Os Links referentes a entidades, pessoas ou eventos men-
      cionados nos artigos encontram-se listados no final do
      boletim.
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                         --oOo--


EDITORIAL


É com imenso prazer que anuncio que o ano 2000 (e para
alguns, o Novo Milénio) começou da melhor forma para a Ficção
Científica portuguesa.
No final da semana, a Editorial Caminho apresentou o
resultado do concurso de originais de FC lançado no ano
passado... and the winner is: Luís Miguel Sequeira!
Quem tem acompanhado de perto as actividades da Simetria
conhece alguns dos contos do jovem autor, publicados no Web
Fiction e na antologia dos passados Encontros. Segundo a
apresentação efectuada na passada noite de sexta-feira, Luís
Sequeira afirmou que o seu novo e premiado livro, de nome _4
Andamentos_, é composto por quatro contos e noveletas que seguem
o mesmo estilo e capacidade de ironia presente nos seus outros
trabalhos.
*EVENTOS* e a Simetria unem-se a dar os parabéns ao
autor, e desde já o incentivam a continuar a sua produção
literária!


Esta edição de *EVENTOS* contém, em rigoroso exclusivo,
a primeira parte de um artigo de Brian Stableford, por duas
vezes convidado dos Encontros de Cascais, sobre a evolução do
domínio da ficção especulativa.
Chamo ainda a vossa atenção para o artigo referente à
internet, sobre um site que se vai tornar no novo conceito de
apresentar FC.

                         --oOo--

+--------------------------------------------------------PUB--+
|  Existe uma Ficcao Cientifica em Portugues!                 |
|                                                             |
|  Conheca os autores, nacionais e internacionais.            |
|  Conheca as obras, as actividades e os objectivos da        |
|     Associacao que tem por fim juntar os entusiastas da     |
|     literatura do futuro.                                   |
|                                                             |
|  Venha tomar um cafe connosco. Pavilhao do Dramatico de     |
|  Cascais. Telef. 21 482 45 22                               |
|                                                             |
|  SIMETRIA FC & F - A unica associacao que torna o futuro    |
|                                                 presente    |
|  https://simetria.org                               |
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ARTIGO

          Ficção Especulativa na Europa e na América:
                    O passado e o futuro

por Brian Stableford

    (trad. Luís Filipe Silva)

  (Parte I)

Independentemente da região do mundo onde seja produzida, a
ficção científica moderna tende a seguir o formato americano. O
que não implica que a ficção científica seja toda igual, sendo
bem verdade que há algumas comparações e contrastes
interessantes a retirar das FCs de diferentes nações, mas a
imagem da FC - a ideia a partir qual os membros da comunidade
internacional formam a imagem do que deve constar de um livro,
série televisiva ou filme de FC - é muito provavelmente baseada
em modelos americanos. É este o imenso poderio da produção
americana; a exportação de filmes e programas de tv dos EUA é
tão prolífera que são conhecidos até em países que durante a
Maior parte deste século tentaram minimizar a influência
externa.

Ao examinar a história da FC, é bom lembrarmo-nos que a situação
não foi sempre esta - que houve uma época em que outras nações
tinham fortes tradições de ficção especulativa cujas
preocupações principais diferiam em muito da FC americana dos
nossos dias, e que abordavam essas preocupações de outra forma.
Nem se trata esta análise de mera curiosidade histórica. Todos
nós que nos encontramos seriamente interessados no futuro
potencial do género, quer enquanto escritores, críticos ou
leitores, precisamos de incluir nos nossos cálculos o impacto da
mudança social. Estaremos melhor equipados para o fazer se
compreendermos como é que as diferentes circunstâncias sociais
originaram diferentes tipos de ficção especulativa no passado -
e porque, pelo menos durante uns tempos, essas diferenças foram
tão eficazmente eclipsadas pelo modelo americano.


Não há tempo para neste breve artigo discutir todas as
diferentes tradições literárias do mundo, mesmo se me julgasse
competente para o fazer, pelo que me irei limitar a inferir
algumas comparações breves entre duas tradições europeias - as
da Inglaterra e de França - e a tradição americana. Ao
restringir os meus comentários aos casos que melhor conheço, não
pretendo de maneira nenhuma sugerir que outros sejam menos
interessantes; pretendo somente providenciar uma ilustração
minimamente adequada da minha afirmação de que houve diferenças
substanciais entre as atitudes fundamentais perante o progresso,
comumente observadas nos primórdios da literatura europeia, e
que estes são também distintos da atitude fundamental perante o
progresso mais comumente observada nos primórdios da fc
americana. (Digo «comumente observada», obviamente, porque a
literatura de cada país é difusa, e normalmente inclui fortes
desacordos entre pontos de vista opostos - mas a existência de
tais diferenças não torna impossível que se observem padrões
subjacentes.)


A substituição das tradições da ficção especulativa da
Inglaterra e de França pelos produtos de importação americana
foi mais evidente nos anos que se seguiram ao fim da Segunda
Guerra Mundial, mas as sementes económicas do fenómeno tinham
sido cultivadas muito tempo antes. Pelos finais do século XIX,
os EUA estavam mais empenhados do que qualquer país da Europa,
no desenvolvimento feroz das novas tecnologias como catalisador
do progresso social, embora a Europa Ocidental fosse ainda o
núcleo comercial e financeiro do mundo. Talvez os EUA acabassem
por suplantar a Europa de qualquer forma - mas tiveram uma
grande ajuda por parte da tentativa europeia de aniquilar uma
parte substancial da sua riqueza colectiva entre 1914 e 1918.


O grande salto em direcção à prosperidade relativa de que a
América gozou na década que sucedeu o final da Primeira Guerra
Mundial deparou-se com o obstáculo da Queda de Wall Street em
1929, mas os EUA eram já tão poderosos que os mercados
financeiros da Europa acompanharam esta queda, e os piores
efeitos da Grande Depressão iriam acabar por ser a principal
exportação americana dos anos 30. Contudo, embora os EUA
tivessem conseguido uma nova proeminência económica no período
entre as guerras, ainda parecia estar - mesmo aos olhos de
muitos americanos - numa posição de subserviência cultural face
à Europa Ocidental. Europa permaneceu o lar dos mais influentes
críticos do gosto artístico, logo o lar espiritual da própria
arte. O que os EUA tinham em substituição de arte era Hollywood
- mas mesmo aqui a América provou ter ficado com a melhor parte
do bolo. Muitos dos escritores americanos com ambição que
escolheram Hollywood ao invés de Paris desprezavam-se a si
mesmos por se terem vendido à força bruta económica do novo
meio, mas estavam na verdade a desbravar o caminho que o resto
do mundo iria seguir. De novo, o caminho teve uma descida
abrupta quando a Europa se entregou a um novo período de
auto-mutilação entre 1936 e 1945.

Os EUA envolveram-se de forma mais intensa - e muito mais cara -
na Segunda Guerra Mundial do que na Primeira, mas foram apenas
precisos três anos para que os americanos e o seu progresso
tecnológico demonstrassem que a melhor forma de entrar numa
guerra moderna era de desenvolver uma arma que exterminasse todo
o povo inimigo num só ataque. Nos anos que se seguiram ao fim da
Segunda Guerra Mundial, as nações da Europa Ocidental
debatiam-se contra a escassez desesperada de alimento, papel e
quaisquer outros produtos de importância comercial. Entretanto,
os EUA gozaram de um novo impulso económico cujas ideologias
intrínsecas de produção e consumo inundaram os mercados
mundiais.

Os aspectos do ideal americano de progresso social que eram
encarados na sua quintessência americana, não tinham o apoio
completo nem sequer dos países amigos, mas o antagonismo da
Guerra Fria que acabou por dividir o mundo em duas facções
distintas, cada uma procurando resguardar-se das influências
nocivas das ideologias do outro; a vantagem dessa longa batalha
ficou sempre do lado dos americanos, e quando o comunismo da
Europa Oriental acabou por colapsar nos anos 80, a definição
americana do progresso - e todos os mitos subjacentes - tinham
adquirido uma superioridade inabalável sobre os seus rivais mais
próximos, bem como sobre o suposto inimigo.


O facto que a ficção especulativa da Europa Ocidental tenha
aceitado a marca americana, e o corolário que os escritores
dessa ficção europeus se tenham encontrado no lado dos
perdedores face à competição feroz das obras de importação
americana, pode ser encarada como uma das consequências menos
importantes da hegemonia cultural e económica dos EUA - e não
tenho quaisquer intenções de contrariar esse ponto de vista -
embora julgue que esta consequência tem um interesse particular
na medida em que a ficção especulativa é o veículo ideal para
fazer reflectir e isolar os mitos específicos do progresso
sentidos pelos seus criadores.

(cont. próximo número)

                         --oOo--

FCnet

           Galaxy Online: o novo conceito de FC


_Galaxy_ tornou-se num nome famoso no reino dos magazines de FC,
durante os anos 50. Sob a direcção editorial de H. L. Gold,
surgiu, nos EUA, como um bafo de ar fresco relativamente ao
longo domínio da _Astounding_ Campbelliana (que por esta época
andava muito ligado às loucuras da dianética). A política de
Gold era menos estrita: queria contos sobre psicologia, humor,
sociologia; trabalhava de perto com os autores neste sentido,
cujo grupo era constituido por nomes sonantes: Bester, Simak,
Leiber, Knight, Bradbury e Pangborn. Gold, nos anos 60, sofreria
um acidente de viação, e seria substituído por Frederic Pohl,
que levaria a magazine numa direcção completamente distinta. O
último número surgiria finalmente em 1980.


Sem manifestar uma ligação expressa com a magazine de tempos
idos, Douglas E. Conway, presidente e responsável pelo novo
projecto, afirma que a «Internet tem há muito tempo representado
a convergência final com a televisão para tornar os PCs em TVs
interactivas (notícia da _Locus_, Jan. 2000).


Surge então o projecto _GalaxyOnline_, cujos _downloads_
possíveis incluirão filmes, entrevistas, séries televisivas,
entre outros. A literatura não está esquecida, prometem os
responsáveis, cujos nomes comportam um conjunto de
personalidades famosas do meio: Ben Bova, David Gerrold, Amy
Stout, Gregory Benford, Rudy Rucker, e tantos outros que se
torna impossível mencioná-los aqui.


O site está dividido nos seguintes «canais»:
* Science Fiction Media: filmes, tv e programas originais
* Fahrenheit 451: livros, BD, revistas e literatura clássica
* Channel X: paranormal e new-age
* Galaxy Games: jogos
* Digital Planet: tecnologia
* Brave New World: tecnologia do futuro
* Starship Earth: notícias do nosso planetazinho
* To the Stars: viagens espaciais e astronomia
* Future Shock: a vida no futuro
* Galaxy Kids: para os jovens de espírito
* Forbidden Zone: só para adultos...
* Close Encounters: comunidades
* Galaxy of Stars: celebridades

Do que estão à espera? Façam já _click_! O endereço é:

             http://www.galaxyonline.com

Boa viagem!

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(c) 2000 Luis Filipe Silva
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*Enderecos e links mencionados nos artigos

SIMETRIA:                          https://simetria.org

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Luis Filipe Silva:    http://www.geocities.com/Area51/Lair/4121
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