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Vira o Disco...


crítica
HOGFATHER
de TERRY PRATCHETT

Terry Pratchett diz na introdução biográfica dos livros da série Discworld que escrever estes livros é bastante mais interessante do que a sua profissão anterior, ou seja relações públicas de uma central nuclear. Pelo menos mais lucrativo é de certo, visto os livros desta série já terem dado origem a dois jogos de computador, vários audiolivros, peças de teatro, mapas, enfim, uma autêntica mina de ouro.

Em HOGFATHER, o vigésimo livro da série, a Morte do Discworld ausenta-se das suas funções (novamente), para tentar perceber melhor os humanos (novamente) e Susan, a sua neta (mais ou menos) vai ter que o ajudar (novamente) a resolver os problemas criados pelo desaparecimento do Hogfather (o Pai Natal em versão Discworld). Ah!, e sim, a Morte dos Ratos também aparece neste livro a acompanhar (novamente) Susan, e sim, Albert, o cozinheiro da Morte, tambem por lá anda, bem como os feiticeiros da Unseen University.

De facto, todos os condimentos de livros anteriores se encontram cá, e para quem já os leu, acaba por se tornar um pouco repetitivo. Que os personagens mitológicos são aquilo que acreditamos que eles sejam e que os deuses se reciclam para se adoptar aos tempos já sabíamos desde SMALL GODS, que os mortais são tão interessantes ao ponto de fazer com que a Morte os tente perceber já Terry Pratchett tinha afirmado pelo menos em REAPER MAN ou mesmo antes, enfim, tudo ou quase tudo já tem um sabor algo a requentado, e é pena... De certa forma o sucesso que a série tem tido pode muito bem ser o causador de um futuro descalabro. Até porque o Discworld já tem as suas fronteiras bastante bem definidas (um mapa do Discworld foi publicado em 1995, e sim, comprei-o, assim como comprei o DISCWORLD COMPANION...), deixando cada vez menos espaço para a inovação na série.

Um livro, que ao contrário de outros do mesmo autor, nos faz mais sorrir do que rir, e por vezes um sorriso mais amarelo que honesto, em que se torna notório que Terry Pratchett cada vez mais escreve em modo automático.

por...

GONÇALO VALVERDE


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março 98

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