Retrocedersimetria: paradoxo
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Decidimos fazer um favor à Humanidade. Inauguramos esta rubrica com a crítica à PÁGINA PORTUGUESA DE FC&F de A. Holstein. Beware!


página portuguesa de fc&f

PÁGINA PORTUGUESA DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA
http://www.geocities.com/Area51/Vault/1077/

Em primeiro lugar, vamos estabelecer o seguinte: isto é a PÁGINA PORTUGUESA DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA ou a página pessoal de Álvaro de Sousa Holstein (ou deveríamos dizer D. Álvaro de Sousa Holstein? Sim, não resistimos e fomos consultar as páginas de genealogia — os links estão lá, podem ir ver).

Convém separar muito bem as questões: enquanto página pessoal de Álvaro de Sousa Holstein, encaixa-se no nível de página medíocre a que os netizens nos habituam, embora, diga-se, não destoe da média. Mas enquanto PÁGINA PORTUGUESA DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA, conforme se afirma (já agora, porquê?), está claramente deficiente.

Quanto ao conteúdo, Holstein assenta o seu site num cronograma da história da FC&F portuguesa desde a data da fundação de Portugal, em que é fortemente elogiada a quantidade da produção literária portuguesa nesta área (uns «fantásticos» 4 romances na década de sessenta e outras produções que ele menciona vagamente). São de facto enumerados alguns autores e feita uma descrição ultra-breve de cada obra literária a que se fez referência — mas neste caso ficamos na dúvida se se trata de um cronograma ou de um conjunto de microcríticas de livros. Subitamente somos catapultados para a década de noventa — onde estranhamente não são referidos mais do que dois ou três escritores, ainda por cima sugerindo que estes escrevem um livro a cada 10 anos... o que não é propriamente verdade, como vocês devem seguramente saber. Mas claro está que como a página não é actualizada desde 1997 (Maio), se calhar Holstein não está bem ao corrente daquilo que se passa na FC&F nacional... Holstein, já ouviu falar em netiquette? A actualização é obrigatória...

O problema na abordagem de Holstein consiste no tom «académico» que ele dá ao texto. Para quem de facto esteja à procura de informação concreta sobre o «estado da arte» da FC&F em Portugal — quais os seus escritores, editores, colecções, revistas, artes plásticas e até teses de doutoramento — é levado a pensar, pelo estilo de escrita, que Holstein é de facto um perito no assunto, e que a sua página é realmente a referência absoluta no meio. A vítima inocente que se depara com a página é completamente enganada, e, dado que não existem links nesse texto que corroborem ou contradigam Holstein, chega à conclusão de que não existe mais nada no panorama da FC&F de língua portuguesa do que aquilo que ele refere.

Portanto, a última coisa que se pode dizer deste texto, é que é informativo, e já agora, interessante...

Sugerimos que, quando lá forem, se encaminhem directamente para os links. Apesar do caos reinante, encontram-se alguns links bastante bons (melhores, propriamente ditos, que a própria página, e bastante mais humildes). Já agora, aqueles escritores estrangeiros que ele refere não são os únicos! Há mais, não se percebe, mas há mais...

Por falar em escritores, desagradou-nos também a inexistência da mínima referência ao fandom brasileiro, principalmente quando se conhece a extensão desse fandom, a sua motivação, a quantidade de excelentes autores e o interesse pela FC Portuguesa. É triste...

Já agora, e falando em referências, alguém percebe que Encontros são aqueles? Perguntamos, porque a início dá a sensação que são uns Encontros especiais dele próprio, e mais à frente percebemos que são os Encontros de Cascais, porque parece que as coisas já não correram assim tão bem como isso... Temos a informar o Sr. Álvaro Holstein de que os Encontros correram de tal forma que, tivemos e vamos ter a re-participação da Maior parte dos convidados estrangeiros tão maltratados nos 1.os Encontros, que pelos vistos devem ser uns masoquistas do último grau, para quererem assim tanto voltar...

Nada mais temos a acrescentar ao conteúdo destas páginas, pois lamentavelmente não existe mais informação relevante de espécie alguma, de forma que nos resta criticar a apresentação da página.

Holstein claramente não é um esteta — o que ainda é desculpável; encheu as páginas com gráficos pouco originais (pirateados em parte do excelente motor de pesquisa nacional, o SAPO, provavelmente sem conhecimento dos autores), escolheu cores completamente despropositadas, etc. O nosso amigo ainda por cima deu-nos o prazer de escolher uns fundos complexos (principalmente do ponto de vista estético...), cujo único objectivo deve ser o de fazer as páginas levarem ainda mais tempo a carregar para se tornarem progressivamente menos legíveis. Não há forma nenhuma de fazer qualquer tipo de pesquisa — mais uma vez desculpável — mas no mínimo dos mínimos, exigia-se alguma coerência na apresentação dos elementos de forma a facilitar a navegação. Nem sequer existe a pretensão de mostrar qualquer dote de programação pela parte do seu autor.

Para terminar: gostámos particularmente da versão Inglesa (que quase que consegue ser mais informativa e honesta que a Portuguesa), assim como a magnífica gravura do Cthulhu lovecraftiano usando o Necronomicon como fundo com que somos presenteados logo no início; escapa-nos a associação com a FC&F nacional...

por...

SILVANA DE MENEZES

LUÍS SEQUEIRA


Maio 98

Paradoxo
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