debate:
viagem, sonho e mito
Quinta-feira, 5 de Outubro de 2000. Das 17H00 às 18H30.
Moderador: António de Macedo. Com a presença de: José Simões, Guilherme Arruda, Luís Gamito, Maya, Ludwig Krippahl, e Maria Estela
Guedes.
Quem disse que o sonho não é uma viagem ? Viagem pelo astral, dizem uns, viagem pelas sinapses e axónios e neurónios, em fase de "sono REM", dirão outros.
O químico alemão Friedrich von Stradonitz (século XIX) bem poderia ter ganho o prémio Nobel, se vivesse mais uns dez anitos, por ter descoberto (visualizado?) a molécula do benzeno em forma de anel... Confessou que esta ideia revolucionária lhe apareceu num sonho!
Os sonhos são viagens individuais, pessoais e intransmissíveis (mesmo quando julgamos que somos capazes de os contar a
outrem)?
Os mitos serão nesse caso, por contraposição, viagens colectivas, impessoais e transmissíveis? De geração em geração? E não mais do que isso?
Ou o mito não será antes um grande sonho arquetípico global duma humanidade em perpétua interrogação e alucinatória auto-superação que, qual crono-organismo gigantesco, se cronodesenrola de si próprio num interminável autogerar-se, autodevorar-se e
auto-regenerar-se?
Ou talvez os mitos sejam apenas as formas cristalizadas, para uso exotérico, de conteúdos esotéricos que só eram revelados, na Antiguidade, aos que mereciam ser admitidos nas Escolas de Mistérios. O mito de Cronos a devorar os próprios filhos ensinava, ao candidato à Iniciação, a virtude da paciência, ou do correcto uso do tempo, mostrando como exemplo os que, pela sua impaciência, destroem as próprias obras...
Sigamos o exemplo dos Antigos e prossigamos a Viagem. Para aprender com o magistério alquímico do Mito o mistério de transformar em Ouro puro a realidade do Sonho.