cerberus!! |
por Carlos Madeira |
Cerberus!!
Pois é, Ricardo, chegaste a uma fase da tua vida em que te sentes já pleno de sabedoria e conhecimento. Como é habitual em jovens da tua idade tornaste-te um espertalhão e julgas que já sabes tudo! Mas deixa-me contar-te algo só para verificares que afinal ninguém sabe nada. Alguma vez tiveste curiosidade em ficar no metro na estação final após todos terem saído e ver o que está no fim do túnel escuro onde os maquinistas se somem sempre com o seu veículo?! Bom, eu fiquei no outro dia e é uma experiência que abala todas as noções que se pode ter acerca da realidade e da sua fronteira com Sonho e Pesadelo! É um mundo cheio de buracos e se espreitas por um orifício vês Deus com a face de um insecto ansioso por te devorar e chupar o sangue. Eu deixei-me adormecer no metro e ao acordar atravessava um longo túnel direito ao interior da terra. Quando a viagem chegou ao fim chamas acenderam-se e eu vi o maquinista sair do veículo com uma tripla cabeça de lobo rugindo palavras inumanas. Milhares de veículos estavam ali estacionados com os seus maquinistas demoníacos e apercebi-me então que este é verdadeiramente o último destino, o verdadeiro lugar onde todos os metropolitanos do mundo vão dar. Surgiu então o Demónio vindo da escuridão quase sólida em silêncio de morte e o seu corpo informe mutando-se em várias formas era metade alcatrão e metade azul do rio. O Espírito de Lisboa era um ser maligno carregando um livro com todos os segredos do mundo. O Senhor e o Guardião dos Infernos sumiram-se então no vácuo... Estava Só! O Livro ficara para trás no chão, esquecido. Pensei então em roubar o livro mas ocorreu-me o súbito pensamento "E se as páginas estivessem todas em Branco? E se não houvesse nada para saber?!" Esperei aterrorizado o retorno de Cerberus e a viagem de regresso à superfície... Saí então, tremendo, do veículo, e, o maquinista - com outra cara de homem (mas os mesmos Olhos de Lobo) - piscou-me o olho. Ele sabia!
acerca do conto... |
Título: |
Cerberus!! |
Data: |
17 Mai. 2001 |
Autor: |
Carlos Madeira |
e-mail: |
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