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Digo _inevitavel_ por uma questao de timing. Por saber que, se ha' algo para dizer, que seja dito agora ou calado para sempre, pois em breve o assunto ira' arrefecer e ser substituido pelo novo jogo do Sporting-Benfica. Estarei a ser reducionista. Admito. Mas nao posso deixar de concordar com a Clara Ferreira Alves que no ultimo Expresso lancou uma reprimenda 'as tendencias culturais de Portugal, sempre levadas e influenciadas pelo entusiasmo do momento. Dizia ela que nao homena- geamos o nosso Jorge de Sena, que Pessoa apenas foi Pessoa pela cultura britanica da infancia, que somos demasiado volateis aos elogios do estrangeiro. Sendo assim, que Nobel e', na verdade, o nosso? Arrisco-me a dizer que e' o Nobel de um certo realismo magico portugues. Encontra-se patente na _Jangada de Pedra_, no _Memorial do Convento_ (embora aqui adornado de vestes historicas), na fabulosa ideia do _Ano da Morte de Ricardo Reis_ (nao fantasia, mas discurso literario), e num livro singular, mas defeituoso (como adiante explicarei) que e' a _Historia do Cerco de Lisboa_. Este livro em particular e' uma obra singela, pois parte de um tema meta-literario (ou seja, e' um livro que fala sobre litera- tura) que e' a idoneidade de se poder alterar as palavras colocadas no papel pelo autor. Podiamos falar de tradutores, neste caso falamos de revisores. E o caso apresentado e' o de um revisor que decide, num texto de historia sobre o cerco de D. Afonso Henriques a Lisboa, acrescentar um «nao» numa frase em que se mostrava a ajuda dos cruzados franceses 'a dita causa - alterando assim o curso da historia do nosso pais. De que se trata esta forma de enredo? Nada mais nada menos, do que historia alternativa, ou seja, ficcao cientifica no seu melhor. E o Saramago prossegue, apresentando duas historias paralelas, a do revisor que, embora descoberta a sua fraude, e' convidado a desenvolver a precisa historia, e a da historia que este comeca a escrever. Ate' aqui, interessante, uma ideia cimentada pela competencia estilistica de Saramago (embora por vezes conceda que se possa tornar algo densa). E o romance desenvolve-se, ate' ao momento em que D.Afonso se vira para os seus cruzados e pergunta quem o acompanha. E estes recusam-se. O que ira' acontecer a Portugal como o conhecemos hoje? O que acontece e' o seguinte: alguns dos cruzados arrependem-se, e voltam para tras. Lisboa e' tomada com menos homens e mais esforco, mas o resultado e' o mesmo. E' por isto que digo que o romance e' defeituoso. Trai. Trai a propria ideia que o motivou. Acobarda-se, no fim, e Saramago acobarda-se, literariamente falando, de o levar ate' 'as ultimas consequencias. Talvez por sair do tema inicial, talvez por nao conhecer as tecnicas de extra- polacao historica. O certo e' que a obra poderia ter resultado numa dimensao e plenitude Maiores, mas acabou por nao cumprir. E neste caso Saramago desapontou. E contudo, os meus sinceros parabens, Jose' Saramago. O Nobel nao e' para qualquer um! (Sobre outro assunto: *EVENTOS* ainda mal levantou voo, e ja mudou de aspecto. Deleitem-se com o belo logotipo feito pelo Luis Santana, webmaster da Simetria, que veio substituir o primeiro.) --------------------------------------------------------------- CRITICAS, comentarios ou questoes a este Editorial? Envie a sua mensagem para: [email protected] --------------------------------------------------------------- --oOo-- +--------------------------------------------------------PUB--+ | Existe uma Ficcao Cientifica em Portugues! | | | | Conheca os autores, nacionais e internacionais. | | Conheca as obras, as actividades e os objectivos da | | Associacao que tem por fim juntar os entusiastas da | | literatura do futuro. | | | | Venha tomar um cafe connosco. Pavilhao do Dramatico de | | Cascais. Telef. (01) 482 45 22 | | | | SIMETRIA FC & F - A unica associacao que torna o futuro | | presente | | https://simetria.org/ | +-------------------------------------------------------------+ ARTIGO Publicamos aqui em duas partes (devido a' sua extensao) a comunicacao que o editor da revista americana LOCUS, «o jornal da Ficcao Cientifica», proferiu nos 3ºs Encontros em Caiscais. A Ficcao Cientifica e o Mundo Editorial dos Nossos Dias (Parte I) Charles N. Brown Ha' alguns anos, participei numa conferencia de ficcao cientifica na Africa do Sul. Ali falei sobre a importancia da FC nas nossas vidas, de como atravessava as fronteiras dos paises porque se concentrava nas ideias, mais do que nas referencias culturais, e de como nos preparava para o futuro sempre em mudanca. «Pois sim», comentou um escritor brasileiro que se encontrava na audiencia, quando chegamos a' vez das questoes, «E' uma perspectiva muito interessante, mas me diga, como e' que a gente faz para ser publicado nos Estados Unidos?» Tentei responder-lhe, discutindo os problemas da traducao, da comunicacao, os problemas culturais, e assim por diante. Era tudo verdade e importante, mas nao abordavam a razao principal. Acabei incintando os escritores a estabelecer um genero da FC forte nos seus proprios paises: uma literatura brasileira que fosse forte e ficcao cientifica ao mesmo tempo. Tambem eles falaram dos problemas que havia em serem publicados no Brasil - mercados muito pequenos, livros de autores brasileiros com vendas muito baixas, e o dominio do mercado pela ficcao comercial vinda da America. Nao tentei sequer dar resposta. Recentemente, outro autor brasileiro, Roberto de Sousa Causo, organizou um grupo de discussao na Internet sobre FC internacional. Existe uma abundancia de informacao sobre o que vai acontecendo no mundo da FC, listas de publicacoes, etc. Mas o argumento principal volta a ser: Porque e' que voces, americanos, conseguem publicar os vossos livros nos nossos paises, mesmo sendo a Maioria lixo comercial, mas nao conseguimos nos ser publicados nos Estados Unidos, onde se encontra o publico principal? Neste ponto tenho de recorrer 'a Historia. Quando o mercado da Ficcao Cientifica na America se encontrava em expansao quase exponencial nas decadas de 60 e 70 (passamos de 80 titulos por ano para cerca de mil nesse periodo), todos os livros minimanente razoaveis conseguiam ser publicados. Havia quem editasse livros de FC russa - onde constaram muitos dos livros dos Strugatski -, havia tambem os livros do Stanislaw Lem. Donald A. Wollheim, na Ace e depois na DAW, publicou varios romances suecos, franceses, alemaes, entre outros. Muitas das traducoes eram feitas pelos proprios autores, ou por fas entusiastas, ou por amigos. O resultado por vezes era bom, por vezes muito mau. Algumas editoras com mais recursos contrataram tradutores profissionais, e os livros melhoraram mas mesmo assim nao conseguiram ser bons. Os melhores foram os traduzidos pela mao de outros escritores: C.J. Cherryh, Damon Knight, Judith Merril, e outros. O que se passava e' que nao se limitavam a traduzir o texto - Knigth, por exemplo, usou um dicionario de Frances-Ingles para perceber o livro de Gerard Klein - mas re-escreviam-no e re-construiam-no em ingles idiomatico. O resultado nao era uma traducao, mas uma colaboracao que se traduzia num livro novo que apenas mantinha o titulo do original e (talvez) o enredo. Pelos anos 80 e 90, a' medida que o mercado da FC se expandiu - hoje em dia sao publicados cerca de 2000 livros por ano - ha cada vez menos traducoes a ser editadas. Nenhum daqueles livros antigos - incluindo os dos autores Strugatskis ou Lem - se encontram ainda disponiveis, e a publicacao de um livro traduzido no genero da FC e' raro ou impossivel. Porque? Porque, embora a literatura da FC aborde ideias e cenarios intelectualmente estimulantes, o mercado e' um empreendimento comercial destinado a ter lucro. Os autores e os leitores podem bem falar sobre ideias novas e excitantes, sobre personagens, enredo, tecnicas de escrita, mas o unico interesse do editor e' «Como e' que se ganha dinheiro com isso?» E como a bolsa continua a ser a dele, continua a ser dele tambem a decisao do que e' publicado. A ficcao cientifica traduzida dos anos 60 e 70 era comprada por um nucleo de leitores que queria experimentar perspectivas novas, ideias diferentes. Chegaram a sair criticas excelentes em publicacoes de importancia como o New York Times e The Washington Post, mas este nucleo era pequeno, e, mais importante ainda, os livros nao eram suficientemente populares para sairem nas grandes tiragens do formato de bolso (mass-market paperbacks). Nem na forma de vendas pequenas mas continuas, ano apos ano (o chamado backlist). Hoje em dia, o mercado editorial da FC nos Estados Unidos encon- tra-se numa fase de maturidade. Ja' nao cresce; esta' em recessao. A Maioria dos editores tem de escolher entre centenas de titulos para cada livro que publicam - inclusive livros bons para os quais nao ha' espaco. Nao precisam sequer de procurar autores em outros paises nem de ter os problemas associados com traducoes, pagamentos, etc. Isso so' se torna necessario quando nao ha' livros suficientes de onde escolher. Stanley Schmidt, o editor da Analog, numa conferencia recente, fez um optimo comentario 'a tarefa do editor. Dizia ele que uma das suas principais funcoes e' de saber o que os leitores nao gostam. O que lhe faz saber isto e' a experiencia acumulada. Este truismo tem mais forca no dono da editora. Basta-lhe olhar para os resultados das vendas sem ter de se importar com a boa ou ma' qualidade dos livros. So' precisa de saber onde ir buscar o lucro. A' medida que a maturidade avanca - seja a do mercado ou do individuo - assim avanca o conservado- rismo associado. Apenas queremos experimentar a mudanca enquantos somos jovens, em crescimento. Podera' esta tendencia mudar? Ira' o genero da FC americana voltar a crescer, desenvolvendo uma audiencia nova que queira conhecer coisas diferentes? Este e', na verdade, o tema do meu discurso. traducao de Luis Filipe Silva --- O discurso continua no proximo numero de *EVENTOS* --------------------------------------------------------------- SUGESTOES, comentarios a este artigo? Conhece links que nos desconhecemos? Envie a sua mensagem para: [email protected] --------------------------------------------------------------- --oOo-- +--------------------------------------------------------PUB--+ | TRADUCOES PROFISSIONAIS - Ingles/Portugues | | ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ | | Traducoes de Ficcao, Material Tecnico e Didactico | | | | *Telef.: 0931 - 65 53 06 | | e-mail: [email protected] | | | +-------------------------------------------------------------+ O CANTO DO CONTO Inauguramos este espaco com o conto de alguem que respondeu ao desafio lancado no primeiro numero de EVENTOS: ficcao curta de indole subversiva. Neste caso, sobre um tema *escaldante*... N O S C O N F I N S por Jorge Candeias Entra. A porta fechou-se com um estalido plastico. Ele atravessou-a e entrou. A porta abriu, resmungando. Senta-te. A cadeira flutuou na sua direccao. Ele sentou-se. Fala. Tenho um problema... Que problema? Ele hesitou um momento, as maos contorcendo-se nos braços translúcidos da cadeira. Ontem o painel de navegacao abracou-me!... Ela flutuou, quase absurdamente. Os seus olhos estenderam-se em torno das suas orbitas elásticas e tocaram o cerebro dele. O painel tinha-o abraçado. E entao? O que? As lampadas desceram daquilo que deveria ser o tecto e olharam perplexas para o espaço la fora. Uma parede partiu para parte incerta. E entao? Onde e' que esta' o problema? Ele remexeu-se na cadeira. Ela gostou. A cadeira. Bom... nao foi agradavel... e' isso... Deverei dizer ao painel para nao te voltar a abracar? A parede voltou, acompanhada da estrelas. As lampadas recuaram, envergonhadas, e apagaram-se numa breve furia fugidia. Ele girou sobre si proprio, ficando voltado de pernas para o ar, embora nao houvesse ar e as pernas fossem pedacos inuteis de carne indigesta. Creio que seria o mais indicado. E se ele nao quiser? Pela porta fechada entrou flutuando uma cadeira amarela, feita de chumbo pesado. Parou, numa travagem perigosa cheia do chiar de pneus, e recitou numa voz musical: "O painel de navegacao pede a comparencia imediata do piloto!" Após o que voltou a sair. Pela porta fechada. Tera' de ser ajustado! Aliás, ha' ja' algum tempo que ando a pensar fazer-lhe uma reparacaozinha! Ele nao vai gostar... Eu quero que ele se lixe!... A galaxia de Andromeda apareceu entre eles a girar, enquanto piscava os seus olhos pestanudos. Ainda estamos muito longe desta menina? E ele apontava para a galaxia. Faltam ainda quase dois meses. Que chatice!... A galaxia deitou-lhes a lingua de fora, numa careta liquida, e partiu, deixando na parede um buraco de um angstrom de espessura. A cadeira amarela regressou, quase simultaneamente, e recitou de novo a sua mensagem na mesma voz meliflua de há pouco. Depois, atravessou a porta entreaberta e eclipsou-se, deixando no ar o seu cheiro amarelo. Estas a ver? Ele ama-me!... O painel? Claro! Quem querias que fosse? A nave estremeceu em breves gargalhadas. Um enorme sorriso surgiu, la' fora. Cala-te, nave! O estremecimento aumentou. Bolas! disse ele, e cocou uma orelha com as pernas de tras, furioso, alaranjado. E que fazemos com o painel? E a voz dele tinha a forma de uma serra mecanica: Desliguemo-lo! Nao, nao podemos fazer isso... Da parede saltou um velho castical, com velas redondas a arder, em espiral, enfunadas pela leve brisa que soprava do Norte. Poderiamos tentar mudar-lhe os gostos sexuais. Uma leve ameaça roçou pelos cabelos dela, que se erguiam, sedosos, no ar. Nao! Assim passaria a ser eu a vitima, nao pode ser! Pois sim, mas tu, pelo menos, nao tens de dirigir esta nave, nao es tu o piloto. Um sorriso bebe' nasceu na boca dela. Pos-se de pe', lentamente, e atravessou a porta que se abriu, sorridente. Vou falar com ele. gritou ela atraves da porta fechada. Ele ficou so', acompanhado de um grupo de estrelas e de uma cadeira. Pouco depois as estrelas sairam, aborrecidas, murmurando bramidos de tedio. Ele e a cadeira entreolharam-se com olhos bacos e ele encolheu os ombros, indiferente. Pouco depois ja' dormia. Acordou abracado 'a cadeira e sentiu uma humidade secreta na roupa. A cadeira olhava-o com olhos ambiguos e um sorriso estampado nas costas. A nave estremeceu e as paredes recuaram para o espaco. Risos cristalinos ecoaram no vazio ao mesmo tempo que as luzes se apagavam. No entanto, ca' de fora, do espaco, tudo se mostrava vulgar, convencional, feito de Ficcao Cientifica comum: a nave vogava rapida em linha recta, estendendo uma colcha de fogo atras de si, os motores rugiam de um modo quase felino e ao longe, num cenario de fita hollywoodesca, iam passando as estrelas e as galaxias numa cadencia uniforme. Como e' logico e normal, as estrelas passavam muito mais rapidamente que as galaxias. Psst! Ana! O murmúrio ecoou pela nave, ressaltando nos cantos como uma bola de pingue-pongue. Mas ela nada escutou. Ele compreendeu e deixou-os em paz. Mais tarde encontraram-se: Entao? Que tal? Mais ou menos. Ele nao e' grande coisa, mas eu esperava pior. Um sistema solar entrou pelo buraco deixado por Andromeda e tentou contar-lhes, bebedo, a historia da sua vida. Eles fugiram-lhe, escapando-se atraves da unica porta daquela sala. A tal que esta' sempre fechada. Sabes disse-lhe ele , eu estive com uma cadeira. Gostaste? Encolheu os ombros. Sim... Esvoacavam algures na nave, perdidos. Ele tomou-lhe um pulso. Ela rodopiou, a saia de gaze estendendo-se em ondas maritimas pelo espaço e levou-o consigo em direccao ao tecto. Embora ali nao houvesse tecto. Ele puxou-a para si. Ana... disse ele. Sim? Uma sombra vermelha cobriu as luzes. Gostava de experimenta'-lo contigo. ... Algures na nave, num sitio perdido, as luzes fecharam os olhos. Era uma vez um velho muito velho, um velho excitado e tremulo, como todos os velhos. Dizia este velho, como a Maioria dos velhos, que a juventude estava perdida, completamente depravada, alienada, meu Deus, o que ele dizia! Achava inumana, abjecta, a actividade sexual com paineis, cadeiras, galaxias, etecetera. E dizia-o em alta gritaria a todos os que o quisessem ouvir. Nao eram muitos. Uma vez explicaram-lhe que as viagens espaciais sao longas e aborrecidas, que as tripulacoes sao formadas normalmente por dois tripu- lantes de, normalmente, sexos opostos, que a unica coisa que eles tem para fazer nessas viagens e' dar uma olhadela aos instrumentos de bordo de vez em quando, digamos, uma vez por mês, pois o computador encarrega-se de tudo, e que no tempo restante o tedio e' o seu unico companheiro. O tedio e os objectos inanimados, os paineis, cadeiras, galaxias, inumanidades. Assim, que melhor passatempo que o sexo? O velho nao quis compreender. Dizia que era imoral. Puxou da sua forma de razao, puxou de livros sagrados, puxou de leis poeirentas. Entao desafiaram-no e fazer uma pequena viagem, so' ate' 'a Pequena Nuvem de Magalhaes. Aceitou o desafio, se bem que relutante. Dois meses mais tarde, a meio da viagem, a nave explodia em paroxismos de gozo. +--------------------------------------------------------PUB--+ | Verifique o seu e-mail regularmente... | | | | Dia 03 de Novembro, o novo numero de *EVENTOS* | | estara consigo! | | | +-------------------------------------------------------------+ --------------------------------------------------------------- (c) 1998 Luis Filipe Silva/SIMETRIA FC&F --------------------------------------------------------------- *Enderecos e links mencionados nos artigos SIMETRIA: https://simetria.org/ e-mail: [email protected] EXPRESSO http://www.expresso.pt/ Jorge Candeias (e-mail) [email protected] LOCUS MAGAZINE: http://www.locusmag.com/ EDITORIAL CAMINHO: http://www.editorial-caminho.pt/ Luis Filipe Silva: http://www.geocities.com/Area51/Lair/4121/ e-mail: [email protected] *EVENTOS - e-mail para assuntos relacionados com o boletim: [email protected] *Se desejar deixar de receber este boletim, devera enviar uma mensagem para [email protected] com a seguinte indicacao no _Conteudo/Subject_ anular inscricao |