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__ _________ ____________ ____ _| |_ ______ ______ / __ \ \ / / __ \ `_ \_ _]/ __ \/ _____] | ____/\ \/ /| ____/ | | | | |_( (__) )_____ \ \______] \____/ \______]__| |__| \____]\______/[______/ _____________________________________________________ |_____________________________________________________| E V E N T O S Boletim informativo da SIMETRIA FC&F - Associacao Portuguesa de Ficcao Cientifica e Fantastico - --------------------------------------------------------------- Nº 1.03 Publicacao quinzenal 20/11/98 --------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------- Coordenacao: Luis Filipe Silva --------------------------------------------------------------- CONTEUDO: EDITORIAL: Contactos Imediatos do Eter (uma noite da nossa memoria volta para homenagear as origens da FC) ARTIGO: A FC e o Mundo Editorial nos Nossos Dias (Conclusao) (segunda e ultima parte do artigo do editor da LOCUS sobre a FC internacional e o seu futuro) A SIMETRIA virtual (novidades no nosso site; presencas e iniciativas da Associacao na Internet) --------------------------------------------------------------- NOTA: Os Links referentes a entidades, pessoas ou eventos men- cionados nos artigos encontram-se listados no final do boletim. --------------------------------------------------------------- --oOo-- +--------------------------------------------------------PUB--+ | | | A PEDRA DE LUCIFER | | | | O segundo romance de Daniel Tercio | | | | Uma historia alternativa do nosso mundo, | | contada em Portugues | | | | Coleccao Caminho Ficcao Cientifica | | | | http://www.editorial-caminho.pt | +-------------------------------------------------------------+ EDITORIAL Contactos Imediatos do Eter A noite de 30 de Outubro de 1938 e' das datas que mais marcaram a ficcao cientifica. Foi a noite do primeiro contacto com racas extra-terrestres. E que violento foi esse contacto! Para um homem cujas origens remontavam ao teatro, e que tinha contribuido com alguns contos nos pulps da epoca sobre, nas suas proprias palavras, «Homens-Lagosta e _westerns_ no espaco», foi uma noite decisiva para a sua carreira e popula- ridade. Sem aquela noite, _Citizen Kane_ nunca teria existido, e possivelmente a _Dama de Xangai_ nao teria passado de um sonho por concretizar. Sem aquela noite, nao teriamos tambem os _Ficheiros Secretos_, e Roswell seria apenas mais uma terra no mapa. Foi a noite em que Orson Welles e o seu _Mercury Theatre on the Air_ emitiu a versao radiofonica da _Guerra dos Mundos_, imaginado por outro Wells. Muito se especula sobre o impacto deste radio-drama sobre a populacao incauta de Nova Iorque. Conta-se que cerca de um milhao de pessoas ficaram convencidas da veracidade do relato, de modo que agiram em verdadeiro panico, julgando que estavam a ser invadidas: tentaram fugir para outras cidades, procuraram refugio, telefonaram em massa para as autoridades, e ate' para a central electrica, exigindo que as luzes da cidade fossem apagadas! Qualquer especulacao surge normalmente fora de contexto. Poderemos dizer que o milhao de pessoas acredi- tavam em extra-terrestres? Do que fugiam eles, realmente? Estava-se em pleno inicio da Segunda Guerra Mundial. Os acontecimentos na Europa eram motivo de interrupcoes sensionalistas dos programas de radio, companhia indispensavel dos seroes familiares, o lugar actual da televisao. Falava-se no ataque da Alemanha, o cheiro da Guerra andava no ar. E o pesadelo da Depressao de 1929 ainda estava muito vivo. Foram estas as condicoes que o programa de Welles viria a encontrar naquela noite. Por uma coincidencia incrivel, iria tocar no inconsciente colectivo, despertar os medos, usando tecnicas de relatos sensionalistas «em directo», numa tentativa desesperada para animar um argumento em que ninguem acreditava, nem mesmo os actores. Foram feitas revi- soes ate' ao ultimo instante, e montados os efeitos sonoros. E contudo, nao foram alemaes, mas ETs que muitos habitantes afirmaram ter encontrado. Na primeira manifestacao de histeria popular provocada pelos _media_ (servindo de exemplo para as muitas que se iriam seguir), um fenomeno exclusivamente de natureza literaria tornou-se realidade. A popularidade da FC estava provada, e em pouco tempo entraria nas nossas vidas de forma mais discreta. Welles tornou-se figura de culto, e com ele arrastou a FC. Seguir-se-iam as revistas da especialidade e a era John W. Campbell. Este editorial longo vem a proposito da mesma noite, sessenta anos depois (ou seja, no final de outubro passado), em que, na cidade de Coimbra, a mesma emissao radiofonica iria para o ar. Desta vez nao provocou panico, mas sim algum interesse e talvez monotonia, pois quem se encontrava no estudio de radio improvisado, no bar do Teatro Academico Gil Vicente, aguardava pacientemente pelo debate que se iria seguir. Durante duas horas, entre as dez e a meia-noite, falou-se de guerras, ficcao cientifica, o futuro da radio, a influencia da arte, e muito em particular do Orson Welles. Houve oportunidade para ouvir Matos Maia, a versao portuguesa do outro senhor, que, embora nao tao famoso, ganhou uma viagem 'a sala de interrogacoes da PIDE com a sua emissao dos anos 60. A emissao, da radio da universidade, era ouvida na Praca da Republica por meio de altifalantes, para os estudantes que aquela hora se deleitavam nos bares. E' de louvar esta iniciativa do TAGV, em particular por se tratar da primeira do genero. A radio continua a ter muita importancia nos dias que correm, e pouca atencao e' dada 'a forma de dramatizacao que esta possibilita. O nosso pais, que nao tem capacidade comercial nem tecnica para, por exemplo, produzir filmes de FC, poderia, com muita criatividade, aposto, aceitar e difundir este tipo de iniciativas, se houvesse interes- ados em leva-las a cabo. A noite da _Guerra dos Mundos_ jamais aconteceria em Lisboa, ou mesmo em Coimbra, pois continua a faltar-nos uma cultura popular, um imaginario rico que tenha passado por epocas, por fases proprias, e nao vivendo 'a custa das epocas douradas das culturas dos outros. Resta-nos, no entanto, lembrar e homenagear. Sem a causa, jamais teremos o efeito. (Este numero chega-vos atrasado, facto pelo qual lamentamos imenso, mas problemas tecnicos e nao so' obrigaram-nos a tal. O proximo numero saira' dia 25, ficando a distribuicao resolvida com o numero seguinte, de dia 1 de Dezembro.) --------------------------------------------------------------- CRITICAS, comentarios ou questoes a este Editorial? Envie a sua mensagem para: [email protected] --------------------------------------------------------------- --oOo-- +--------------------------------------------------------PUB--+ | Existe uma Ficcao Cientifica em Portugues! | | | | Conheca os autores, nacionais e internacionais. | | Conheca as obras, as actividades e os objectivos da | | Associacao que tem por fim juntar os entusiastas da | | literatura do futuro. | | | | Venha tomar um cafe connosco. Pavilhao do Dramatico de | | Cascais. Telef. (01) 482 45 22 | | | | SIMETRIA FC & F - A unica associacao que torna o futuro | | presente | | https://simetria.org | +-------------------------------------------------------------+ ARTIGO Esta e' a segunda e ultima parte da comunicacao que o editor da revista ameri- cana LOCUS, «o jornal da Ficcao Cienti- fica», proferiu nos 3ºs Encontros em Cascais. A Ficcao Cientifica e o Mundo Editorial dos Nossos Dias (Parte II - Conclusao) Charles N. Brown Ira' o genero da FC americana voltar a crescer, desenvolvendo uma audiencia nova que queira conhecer coisas diferentes? Este e', na verdade, o tema do meu discurso. Contudo, primeiramente, deixem-me falar sobre a traducao da FC americana. Nas tais decadas de 60 e 70, enquanto o mercado da FC florescia nos Estados Unidos, tambem se encontrava em expansao na Europa, embora num ritmo muito mais lento. Havia menos livros, mas uma boa percentagem eram feitos por escritores dos proprios paises. Mas 'a medida que o mercado amadureceu, e se tornou Maior, aconteceu na Europa o fenomeno contrario da America. Havia mais livros traduzidos, e menos, em quantidade, feitos na lingua nativa. Em 1990, entrevistei Wolfgang Jeschke, convidado de honra da Convencao Mundial de FC que se desenrolou na Holanda, nesse ano. Jeschke e' o director editorial da Heyne Science Fiction na Alemanha; o Maior editor de FC na Europa. Organizou tambem mais de uma centena de colectaneas de contos vindos do mundo inteiro. Era igualmente, nessa epoca, um autor bem conhecido, nao somente na Alemanha, mas nos proprios Estados Unidos, onde foi nomeado para um Hugo e publicou varios romances. Embora fale, leia e escreva um ingles muito bom, tinha conhecimentos suficientes para conseguir que o seu trabalho fosse traduzido profissionalmente, embora tivesse tido ele proprio de paga-lo. Noutras palavras, quando se trata de FC europeia, e' ele o especialista. Perguntei-lhe, entre outras coisas, porque nao havia mais FC escrita por europeus. Parte do motivo, disse ele, era a diversidade linguistica. Ha muitas linguas na Europa. Em termos historicos, a FC nasceu nas revistas, e o ingles era a unica lingua a dispor de um bom numero de leitores da classe-media (a audiencia primaria da FC) que conseguisse manter vivas as revistas da especialidade e os seus autores de FC a tempo inteiro. Nao ha uma unica lingua na Europa que actualmente tenha leitores em numero suficiente para apoiar mais do que um punhado de autores de ficcao contemporanea, muito menos autores de ficcao cientifica ou de literatura policial. Escritores em part-time vao conseguindo lancar um conto ou romance interessante de vez em quando, mas nunca com a consistencia ou oportunidade temporal para conseguir desenvolver uma audiencia comercial vasta. Era mais facil adquirir os direitos de um livro americano escrito com profissionalismo e traduzi-lo. Mesmo os livros de autores desconhecidos eram de melhor qualidade pois estes haviam nascido e crescido, e logo compreendiam, as tecnicas da escrita comercial de sucesso - tema para outro discurso. Tambem me disse que o problema estava no facto de os europeus compreenderem os americanos, embora estes nao entendam nada dos primeiros. Não percebi entao o que ele queria dizer, mas julgo que agora ja percebo. A Guerra Fria nao acabou por causa de armamentos ou ideo- logias superiores, ou mesmo sistemas economicos. Acabou por causa dos filmes e da televisao e da musica. Devido, nao ao conteudo ideologico, mas ao cultural - a nossa forma de vida, o aspecto das nossas casas e apartamentos, o funcionamento dos nossos supermercados (e especialmente destes!), etc. Entenderam a nossa forma de ser, viram o lado brilhante das nossas vidas, o aspecto material, e quiseram, na Maioria, ter o mesmo. No ano passado fui 'a China e la' tambem esta' a acontecer. Televisao americana, musica e ate' o velho e bom rock 'n' roll prevalecem. O governo chines detem um controlo muito mais fraco do que na ultima vez em que la' tinha estado, ha' seis anos, em que ja' muito havia mudado em relacao 'as minhas viagens dos anos 80. Espero que a mudanca, em termos economicos e politicos, seja mais facil e controlada do que foi na Russia, exemplo de como uma falta de controlo pode ser pior do que o excesso do mesmo. Esta' a acontecer, e tenho muitas esperancas de virmos a ter uma China prospera e pacifica. Bem, comecamos por falar sobre FC e acabamos envolvidos numa discussao politica. Estarei a fugir do tema? Nao necessariamente. Os filmes e a televisao americana, que foram tao importantes para o fim da Guerra Fria, sao poderosos tambem aqui, na Europa. Voces entendem-nos por que assistem 'a nossa cultura a toda a hora. Nao ha nada de estranho na cultura americana para voces, da mesma forma que os vossos filmes e livros e televisao sao por vezes estranhos para nos. O verdadeiro segredo do sucesso comercial esta' em criar esse mercado tao grande. Se pessoas em numero suficiente ouvirem ou lerem ou conhecerem o assunto, as outras tambem irao querer saber, nem que seja para poderem participar do evento. Os autores de FC com sucesso comercial tem esse dom. Todos os querem ler. Motivos comerciais? Restara' alguma esperanca para a literatura decente? Deixem-me voltar a esse tema. O mercado da FC nos Estados Unidos esta' em crise. Ha' cada vez menos leitores, nao mais. Ha' cada vez menos jovens que leem FC seria, embora hajam muitos que leem adaptacoes do Star Trek e do Star Wars. O publico envelhece. Quando a Locus teve o seu inicio ha' 30 anos, a idade media dos leitores era 22 anos; agora e' 43. O que se passa? Os jovens de hoje nao se interessam pelo mesmo que nos interessava a nos? Viagens no espaco? O futuro? ET's? Mineiros de asteroides? Outros mundos? Estes e outros conceitos eram novidade na nossa juventude, e o unico lugar onde eram discutidos era na ficcao cientifica. Hoje em dia ja' nao e' assim. Pode-se entrar no mundo da FC sem se chegar a encontrar os livros e revistas que tao bem recordamos. Os livros e a televisao dominam o mercado juvenil. Todos leem FC hoje em dia, mas e' FC originada nos meios de comunicacao - menos sofisticados e adultos do que se gostaria -, mas continua a ser FC. Ha' cerca de 10 anos, depois do seu depoimento como convidado de honra na convencao mundial de FC em Nova Orleaes, Donald A. Wollheim, que foi praticamente o impulsionador do mercado editorial da FC, foi questionado sobre a sua opiniao acerca do futuro do genero. Disse ele que julgava que o futuro do genero seria brilhante e maravilhoso. Acrescentaria, quase como numa lembranca subita, que «nao tenho tantas certezas quanto 'a literatura do genero». Eis o que eu julgo ser uma profecia muito sabia. O mercado editorial desenvolveu-se nas decadas de 50 e 60, atingiu o apice nos anos 70 e 80, e agora esta' em declinio. Mas nao tenho tantas certezas quanto 'a ficcao cientifica. Os conceitos da FC fazem parte da nossa cultura mundial. Vivemos num mundo de ficcao cientifica. Todos os temas de que falei ha' pouco estao ja' nos jornais, e nao apenas na televisao. Querera' isto dizer que a FC como literatura encontra-se mori- bunda? Claro que nao! Avancamos para conceitos muito mais sofisticados. A literatura encontra-se sempre duas decadas 'a frente do publico em geral. Bem, quase sempre. Clonagem, Inteligencia Artificial, Nanotecnologia ja' sao do dominio da literatura generalista. E' cada vez mais dificil manter-nos na lideranca. Eu sei que, mal termine o meu discurso e passemos 'as perguntas, alguem vai perguntar «Tudo isso e' muito interes- sante, mas como fazemos para sermos publicados nos EUA?» Ha' um conjunto de livros traduzidos publicados anual- mente, mas a Maioria sao de realismo magico ou fantasias culturais - generos ainda em crescimento nos Estados Unidos. Podem escrever esse tipo de livros. Ou podem escrever livros generalistas sobre clonagem, Inteligencia Artificial ou nanotecnologia. Mas nao digam que escrevem FC. Perguntei atras se a literatura decente esta' moribunda? Se tudo o que existe e' apenas comercial? Claro que nao! Ha' cada vez mais livros bons - bons livros de FC a ser escritos e publicados do que houve. Mas isso e' tema de outro discurso. Tem de me convidar de novo para o ano! traducao de Luis Filipe Silva --------------------------------------------------------------- SUGESTOES, comentarios a este artigo? Conhece links que nos desconhecemos? 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Desde o novo _look_ que se imprimiu 'a barra de navegacao, tornando-a mais facil, eis o que pode encontrar: - o numero 2 da revista PARADOXO, agora tambem na versao online; - o nosso livro de assinaturas muito pessoal, onde aceitamos todos os comentarios (mesmo os acerbicos) dos nosso visitantes e interessados; - a pagina de Web Fiction, pronta e disposta a aceitar contos da vossa autoria (possivelmente o unico lugar onde se publica FC portuguesa com regularidade); - a pagina que mostra as vantagens de ser socio da SIMETRIA, e a forma de se tornar; - e, «last but not the least», a abertura do concurso de ficcao e cartaz para os 4os. Encontros, cujo regulamento poderao ler, e que, esperemos, vos desafie a participar. Este ano o tema e' «Sete Pecados Capitais». +--------------------------------------------------------PUB--+ | Verifique o seu e-mail regularmente... | | | | Dia 25 de Novembro, o novo numero de *EVENTOS* | | estara consigo! | | | +-------------------------------------------------------------+ --------------------------------------------------------------- (c) 1998 Luis Filipe Silva/SIMETRIA FC&F --------------------------------------------------------------- *Enderecos e links mencionados nos artigos SIMETRIA: https://simetria.org e-mail: [email protected] Teatro Academico Gil Vicente - Coimbra http://www.uc.pt/tagv LOCUS MAGAZINE: http://www.locusmag.com Luis Filipe Silva: http://www.geocities.com/Area51/Lair/4121 e-mail: [email protected] *EVENTOS - e-mail para assuntos relacionados com o boletim: [email protected] *Se desejar deixar de receber este boletim, devera enviar uma mensagem para [email protected] com a seguinte indicacao no _Conteudo/Subject_ anular inscricao |