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__ _________ ____________ ____ _| |_ ______ ______ / __ \ \ / / __ \ `_ \_ _]/ __ \/ _____] | ____/\ \/ /| ____/ | | | | |_( (__) )_____ \ \______] \____/ \______]__| |__| \____]\______/[______/ _____________________________________________________ |_____________________________________________________| E V E N T O S Boletim informativo da SIMETRIA FC&F - Associação Portuguesa de Ficção Científica e Fantástico - --------------------------------------------------------------- Nº 2.01 edição do milénio 7 Jan. 2000 --------------------------------------------------------------- --------------------------------------------------------------- Coordenação: Luís Filipe Silva --------------------------------------------------------------- CONTEUDO: EDITORIAL: Crónica de uma Morte Anunciada (os ditos e feitos de um ano de Simetria) --------------------------------------------------------------- NOTA: Os Links referentes a entidades, pessoas ou eventos men- cionados nos artigos encontram-se listados no final do boletim. --------------------------------------------------------------- --oOo-- EDITORIAL Crónica de Uma Morte Anunciada por Luís Filipe Silva * Acto I - Conversas da Quinzena O ano de 1999 começou cheio de vitalidade na Associação, quando, logo na primeira quinzena, se realizou a primeira das tertúlias das noites de sexta-feira, subordinada a Lovecraft e a sua obra. Esta actividade, que se revelou como tendo um sucesso moderado, permitindo criar um espaço e uma dinâmica na associação até então inexistentes, prosseguiu de forma quase contínua, durante as quinzenas seguintes, até ao final do ano. Vários oradores passaram pela mesa, e vários temas se evidenciaram, desde a leitura de contos à discussão das energias alternativas, as limitações da FC, os projectos simétricos e o aspecto dos alienígenas. Em Maio, a tertúlia largou raízes e deslocou-se até Aveiro, no que ficaria conhecido como o segundo encontro de escritores de FC, decorrendo no espaço da biblioteca municipal, quatro anos após o primeiro. Relembro que terá sido este encontro de Aveiro de 1995 que deu origem à ideia dos Encontros de Cascais e eventualmente à constituição da presente Associação. A tertúlia acabou também por ser uma forma de aprimorar a capacidade de discussão e de elaboração sobre temas relacionados com a FC, de tal forma que, entre nós, começámos a ver os próprios Encontros anuais como uma continuação do mesmo fenómeno, embora alargados a outro público. Se há uma reprimenda a fazer, ou um facto a lamentar, é de que haja, entre os participantes, pouca vontade de registar o evento, de forma que o que é debatido se perde para a posteridade. As tertúlias vão continuar no ano 2000, e em força, logo no dia 14 de Janeiro, em que Luís Sequeira e Luís Filipe Silva irão debater se de facto a civilização acabou no dia 31 passado, ou não. * Acto II - Academia A par das actividades regulares, como a acima mencionada, e as reuniões de acompanhamento e gestão da Associação, a Simetria promoveu, em Junho, um curso de Escrita Criativa, durante dois fins de semana, que envolveu cerca de uma dezena de participantes e todos os colaboradores ocasionais. O curso dividiu-se num conjunto de aulas teóricas, no primeiro fim de semana, abordando os vários aspectos da construção da narrativa, sendo seguido, uma semana depois, pela construção prática de textos pelos participantes, e a sua análise pelos professores. Foi um sucesso? Neste caso, as opiniões contradizem-se, pois se houve afluência de inscrições, não se verificou a produção concreta de jovens escritores. Escrever, aparentemente, não é só técnica, nem só arte, mas precisa de outros incentivos. * Acto III - Pecar (a se7e) Estava-se a 22 de Outubro de 1999 e os augúrios não eram bons. A par de um conjunto de problemas relacionados com o funcionamento e a logística, nem o tempo prometia ajudar os 4ºs Encontros de FC e F, que nesse dia tinham início. Inclemente, a chuva caíu sobre o país como se as comportas do céu se tivessem aberto num dilúvio nostradâmico, inundando estradas, refazendo o mapa de Lisboa, e assustando o público. Ou assim temíamos. De qualquer forma, o espectáculo teve início. Chamava-se _Pecar a Sete_, e era representado pela companhia de dança _Produções de CÁ_. Numa sucessão criativa, embora pejada de algum amadorismo, as coreografias foram encenando o tema dominante da convenção: os Sete Pecados Capitais. A ira, a inveja, a soberba, a luxúria, a gula, a preguiça e a avareza sucederam-se num conjunto de paineis intervalados por textos de apresentação feitos pelo Daniel Tércio. O resultado final foi bastante agradável, confirmando a surpresa que esta companhia tinha mostrado nos passados Encontros. Como se tornou habitual, existem duas fases distintas durante a semana dos Encontros: a primeira, de animação reduzida, limita-se a angariar e chamar a atenção do público, e tem início no primeiro fim de semana, embora o que prometa aconteça somente no fim de semana seguinte. Neste ano, o isco foi uma exposição de arte fantástica pelas mãos de Phillipe Couriat, acompanhado dos portuguesíssimos João Pulquério e António Sachetti. As obras do primeiro, feitas exclusivamente num Mac, mostram a capacidade das novas tecnologias no domínio da pintura, enquanto que as maquetes e pinturas dos segundos revelaram uma sensibilidade aos temas da FC pouco comuns entre os artistas plásticos do nosso país. A segunda fase começaria mais tarde, com a inauguração das conferências. Neste ano, o Encontros deixaram o habitual espaço do Teatro Gil Vicente, para se situarem no surrealismo pescatório do Museu do Mar. Relembre-se que já no primeiro ano tinha decorrido neste a primeira Escrita Criativa de Fc de que há memória. Os convidados especiais estrangeiros deste ano foram John Clute, Geoff Ryman e Garry Kilworth. A par destes, destacamos Pablo Vilarrubia, entusiasta brasileiro radicado na Galiza, e Pascal Docummont, bibliotecário suíço. Num conjunto de mesas redondas (duas por dia), foram dissecados os pecados mortais, nas suas componentes místicas, míticas, religiosas, sociais, morais, literárias, e no caso da gula, gastronómicas. A acompanhar os eventos, a livraria Galileu promoveu a organização de uma Feira do Livro, mas que infelizmente resultou minimalista e sem aderência, nada comparada com a diversidade apresentada em anos anteriores. A grande revelação foi, de novo, o conjunto de convidados estrangeiros. Garry Kilworth apresentou, algo timidamente, as pesquisas que efectuara na Polinésia para escrever alguns dos seus livros, Geoff Ryman leu extractos da obra que estava a escrever, chamada _Lust_, e brincou com a audiência, perguntando à primeira fila qual a figura com a qual gostariam de ter relações. Revelou-se então, que há três níveis para esse desejo, todos presentes na selecção de respostas dadas: o primeiro, é o desejo de ir para a cama com alguém que se conhece; o segundo, é o desejo de ir para a cama com um actor/actriz; o terceiro, é o desejo de ir para a cama com um _personagem_... E John Clute anunciou a morte da ficção científica. (Mais revelações daqui a bocado.) O convívio terminou com a habitual cerimónia de relações públicas no Casino Estoril (minimalistas devido à remodelação da sala principal), e no dia seguinte, na cerimónia de encerramento restava a satisfação de uns Encontros bem passados, bem como a dúvida de que houvessem outros para este ano. A título de posfácio, foi efectuado, em finais de Novembro, um mini-ciclo de cinema subordinado ao tema dos sete pecados mortais, organizado pelo Pelouro da Juventude de Cascais e com o apoio da Simetria. Este ciclo, que decorreu em sete dias, um por pecado, apresentava, no final da tarde, um filme português, e ao serão, um filme estrangeiro. A selecção foi eclética, e em pouco se rela- cionava com a FC; por estranho que pareça, o filme que teria, afinal, sido o padrinho temático de toda esta movimentação, o fabuloso e incomparável _Seven_ de David Fincher, esteve ausente. * Coda - A morte John Clute anunciou a morte eminente da FC. Terá razão? A morte surge em diversas vestes e disfarces. Para a Simetria, representou um período de dificuldades em que se colocou em questão a continuação da actividade, mais por motivos financeiros do que outra razão. Baixas eram as expectativas relacionadas com os Encontros, e mesmo na sua apresentação à imprensa foi proferida a frase «envolveu bastante esforço, e também alguma satisfação», o que por si só é revelador das dificuldades. Mas a questão centra-se realmente no futuro do género. E numa época de grandes transformações, em que as novas ideias e tendências rapidamente se transformam em modas passageiras, que futuro está reservado à FC? Cada vez é mais difícil acompanhar os progressos da ciência e da tecnologia, embora a velocidade da adaptação humana tenha atingido alguma estabilidade. Até onde poderão os autores de FC inovar, antecipar, explicar o presente? A dúvida levantada (de outra forma) por John Clute apresenta o que é, possivelmente, o fim da evolução da FC anglo-saxónica, e o início da expressão mundial das FCs regionais. Seja qual for o resultado, entrámos num admirável mundo (milénio?) novo. --oOo-- --------------------------------------------------------------- (c) 1999 Luis Filipe Silva/SIMETRIA FC&F --------------------------------------------------------------- *Enderecos e links mencionados nos artigos SIMETRIA: https://simetria.org e-mail: mailto:[email protected] AMAZON.COM: http://www.amazon.com Luis Filipe Silva: http://www.geocities.com/Area51/Lair/4121 e-mail: mailto:[email protected] *EVENTOS - e-mail para assuntos relacionados com o boletim: mailto:[email protected] *Se desejar deixar de receber este boletim, devera enviar uma mensagem para mailto:[email protected] com a seguinte indicacao no _Conteudo/Subject_ anular inscricao |