AN
EXCHANGE OF HOSTAGES
de SUSAN R. MATTHEWSAlguns livros de FC insistem em
deixar tudo bem explicado, todos os novos
conceitos, dar o máximo de informação
possível sobre o ambiente em que se situa a
história. Outros ao contrário, despejam o
leitor para o meio de um mundo criado, e este que
se desenrasque, que deduza o que se passa à sua
volta. Cada método tem as suas vantagens e as
suas desvantagens. Quando no entanto se falha, ao
menos no primeiro caso o leitor sabe o que se
passa por ali, enquanto no segundo fica sem
acesso a partes fundamentais que permitiriam uma
melhor compreensão da história.
Neste AN EXCHANGE OF HOSTAGES foi escolhido o segundo método,
ou seja, o leitor vai percebendo pelo desenrolar
da história o universo onde esta se passa, só
que infelizmente Susan Matthews não consegue
enquadrar muito bem o leitor no ambiente. Andrej
Koscuisko, é o príncipe herdeiro de uma
dinastia que se presume ser a reinante num
planeta, e é tambem um jovem cirurgião que é
forçado pelo pai (mais ou menos uma analogia
possivelmente futurística de um czar) a estudar
num centro militar para se tornar um Ship
Inquisitor, um nome mais floreado para a
realidade, ou seja, ser um torturador licenciado.
Apesar da ideia até ser interessante um
regime futuro onde a tortura está instituída
legalmente, sendo utilizada não só com o
objectivo de obter confissões, mas também como
um instrumento dissuasor da contestação ao
regime do Autocrata (um regime que se supõe ser
uma ditadura que governa vários planetas)
no entanto deixa no ar algumas perguntas cruciais
por responder, como por exemplo se são todos
seres humanos, ou apenas humanóides. Além do
mais os personagens são um tanto ou quanto
plásticos, demasiadamente bidimensionais, e toda
a questão moral da utilização da tortura é
tratada de uma forma demasiado anti-séptica,
não conseguindo fazer o leitor pensar muito
seriamente sobre o assunto. Mesmo a questão
moral de condenar prisioneiros a um regime de
escravatura temporário é tratado de uma forma
quase ligeira, quando apenas essa questão seria
suficiente para um livro. E se é certo quando se
chega ao fim se tem a certeza que este é um
livro que vai ter pelo menos uma continuação,
também se fica desiludido ao perceber que todo o
livro não passou da educação nas artes da
tortura, artes essas que mesmo utilizando já
produtos quimicos, ainda se baseiam muito em
métodos artesanais, o que surge no mínimo muito
pouco credível.
Se o objectivo da autora
era fazer com que o leitor se questionasse sobre
a validade da utilização da tortura, ou mesmo
que este se sentisse repugnado com esta, então
falhou redondamente. Se por outro lado, esta
fosse apenas um pormenor acessório para a
história, então o livro também falha, visto os
personagens não serem muito convincentes, e como
livro introdutório para uma possivel futura
série desperta muito pouco interesse em ler os
seguimentos.
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